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Foto do escritorAurélien Vivancos

O desafio de se proteger a Mata Atlântica

Apesar do aumento de florestas secundárias de modo geral, o desmatamento avança no bioma


Um pouco mais de 12% da cobertura original é o que sobrou do bioma Mata Atlântica. E mesmo que a perda de floresta primária tenha diminuído nas últimas três décadas, estudos recentes revelaram uma tendência alarmante: enquanto as florestas secundárias estão se regenerando e a cobertura florestal se expandindo de modo geral, há simultaneamente um declínio de florestas primárias e aumento nas taxas de desmatamento de florestas secundárias. Esta tendência significa que as florestas primárias da Mata Atlântica ainda se encontram ameaçadas, e que a regeneração das florestas secundárias vem sofrendo com eventos recorrentes de desmatamento que estão diminuindo a idade média dessas florestas e impedindo a sua maturação [1] [2].


Entre 1985 e 2020, houve um aumento de 9 milhões de hectares de vegetação secundária, enquanto que 10 milhões de hectares de vegetação primária foram perdidos [3]. Esse quadro é particularmente preocupante quando falamos de ecossistemas compostos por espécies arbóreas de vida longa e crescimento lento (com idades entre 41 e 60 anos), características de formações florestais primárias típicas da Mata Atlântica. Portanto, salvaguardar e conservar florestas primárias e secundárias dentro do bioma é essencial para mantermos os serviços ecossistêmicos associados, incluindo o sequestro de carbono que tem papel-chave na mitigação dos efeitos adversos das mudanças climáticas [4].

Um dos objetivos do projeto BioMA Carbono é reverter esta tendência valorizando um dos muitos serviços ecossistêmicos prestados pela floresta nativa: o sequestro do carbono. Seguindo a metodologia SCM0006 da Social Carbon, créditos de carbono são gerados de acordo com a quantidade de carbono removido pela floresta nativa conservada. Sendo o sequestro anual do carbono muito maior nas florestas mais jovens que estão em crescimento, a floresta secundária se torna valiosa em função da grande quantidade de créditos de carbono que ela pode gerar. Isto representa um importante incentivo financeiro para que proprietários de terra preservem as manchas de floresta em regeneração em suas terras.

 

Como o projeto BioMA foi concebido para ser escalonável e inclusivo para qualquer proprietário de terra disposto a intensificar seus esforços de conservação, acreditamos que o projeto pode gerar impactos significativos na conservação da Mata Atlântica e até contribuir para que seja o primeiro bioma brasileiro a alcançar o desmatamento zero.


Fontes:

[1] Piffer, P. R. et al. (2022). Turnover rates of regenerated forests challenge restoration efforts in the Brazilian Atlantic forest. Environmental Research Letters17(4). DOI: 10.1088/1748-9326/ac5ae1

[2] Rosa, M. R. et al. (2021). Hidden destruction of older forests threatens Brazil’s Atlantic Forest and challenges restoration programs. Science advances7(4). DOI: 10.1126/sciadv.abc454

[3] MapBiomas (2022). Mata Atlântica: o desafio de zerar o desmatamento no bioma onde vivem mais de 70% da população brasileira. Brazil. Available at: https://brasil.mapbiomas.org/2021/09/15/mata-atlantica-o-desafio-de-zerar-o-desmatamento-no-bioma-onde-vivem-mais-de-70-da-populacao-brasileira/

[4] Matos, F. A. et al. (2020). Secondary forest fragments offer important carbon and biodiversity cobenefits. Global Change Biology, 26(2), 509-522. DOI: 10.1111/gcb.14824


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